O amargo sabor da polpa de fruta

Em 1968, dum "balanço de rede" e duma plantação de cajueiros, o Rio Grande do Norte viu surgir a Mossoró Agroindustrial S/A, empresa que nos 25 anos seguintes seria chamada de milagre. Primeiro pelo porte. Segundo por conseguir alcançar 40% da produção nacional de melão e chegar a representar 20% da fruticultura irrigada do país. Tudo isso no Nordeste, uma região onde o Brasil só enxergava uma palavra: seca. Em 1993, o sonho começou a virar um pesadelo que chegou ao clímax com o Plano Real, em 1995.

De lá para cá, a Maisa agonizou em tentativas de reerguer-se. Nenhuma deu certo. Restou-lhe a reforma agrária: única saída para tentar reaproveitar a área e a estrutura existente. Quando o Incra tomou posse da terra, um novo sonho surgiu: o do segundo maior assentamento rural do Brasil, com mil famílias beneficiadas. Quanto a este, só o tempo dirá se ele será bom até o fim ou repetirá seu antecessor, iniciado em 1968. Da Maisa original restaram apenas os prédios, as lembranças e - talvez como um bom sinal - uma pequena plantação de cajueiros.

E eu ainda pude conhecer a Maisa, fazendo um trabalho na minha oitava série. Algo muito revolucionário para mim e meus colegas. Tiramos fotos, roubamos castanhas e pegamos ensolação. As propagandas da Maisa passavam na tv e no cinema, falar bem de melão no sudeste era dizer que é de Mossoró (ainda é assim). Depois surgiu a NOLEM (Novamente para Lascar Efetivamente a Maisa, é o que dizem de sua sigla, mas notem que é Melon ao contrário) e várias outras empresam afins. Aí seu sonho virou pesadelo.

postado por Doutor D @ 1:05 PM
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