Natlântida

Frio é bom. Água caindo do céu também é muito bom, principalmente aqui no nordeste. Mas, quando a água que cai do céu, começa a matar além da sede, complica. O nordeste não devia precisar de tanta chuva, não somos preparados pra ir de lancha à padaria, pra ter um guarda-chuva não-quebrado em casa logo que a chuva começa dez minutos antes de você sair de casa, pra ter uma coleção de camisas de lã e jaquetas (é impossível) num canto misterioso, desbravado e desconhecido do armário.

Aqui é quente. A água deveria evaporar antes de cair no chão. Assim esfriaria um pouco o tempo sem fazer rios indesejados. O povo deveria poder usar roupas condizentes com o clima no trabalho, ou ter um carro com ar-condicionado. Ou um ou outro (o mais fácil). Mas "Roupas condizentes com o clima", aqui, não dá em trabalho. Dá em praia, em sexo, em carnaval, em festa, em praia e em sexo. Frio também só dá na última parte, então no inverno as intenções são bem mais direcionadas, sem contornos.

Não, aqui não neva. Talvez neve, da iconosfera pra cima. O que chega aqui já foi tropicalizado. O turismo-sexual-europeu deve estar adorando. Vêm conhecer um povo quente e animado e já o encontram todo molhadinho. E apesar de tanta chuva, Natal continua sendo a melhor cidade do mundo, Mossoró só não ganha porque sua única praia, por estar muito longe, se rebelou conta seu domínio (e porque também é muito quente, e não dá pra ficar sem roupa porque não tem praia).

postado por Doutor D @ 12:21 AM
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